Internacionalização do aeroporto de Sorocaba deve estar concretizada dentro de dois anos

Matéria de Marcel Scinocca no jornal Cruzeiro do Sul

Estimativa é da Voa-SP, empresa que arrematou o aeródromo local em leilão realizado pelo governo de SP em julho

O consórcio Voa-SP acredita que o aeroporto de Sorocaba deverá estar internacionalizado dentro de dois anos. A informação foi confirmada pela empresa, na quarta-feira (6), ao Cruzeiro do Sul. A Voa arrematou, em leilão, o lote sudeste com 11 aeródromos, incluindo o aeroporto local.

De acordo com a empresa, como há vários órgãos institucionais envolvidos — Polícia Federal, Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura, Vigilância Sanitária (do Estado), bem como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), estima-se o prazo de dois anos para a finalização de todo o processo.

A empresa lembra que Sorocaba já está com esse processo de internacionalização em andamento no governo paulista. “Desta forma, acreditamos que ela — a cidade — será o nosso primeiro aeroporto a finalizar o processo”, lembra. “Algumas instituições já fizeram vistorias, mas ainda não temos o parecer destas entidades”, acrescenta.

O consórcio lembrou também que o processo de internacionalização independe da destinação do aeroporto, seja para carga, comercial, por exemplo. “Como o aeroporto de Sorocaba, vocacionalmente, é de manutenção, espera-se que estas empresas — que atuam no setor de manutenção — sejam beneficiadas de imediato”.

A Voa-SP é a primeira concessão aeroportuária do Estado de São Paulo, tendo, já em sua posse, cinco aeroportos, sendo Jundiaí, Campinas, Bragança Paulista, Itanhaém e Ubatuba. Com sede em Jundiaí, em julho de 2021, foi a vencedora de um leilão de 11 aeroportos do bloco Sudeste, no processo de concessão da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

Além de Sorocaba, o bloco inclui Marília, Bauru, São Manuel, Avaré, São Carlos, Araraquara, Franca, Ribeirão Preto, Guaratinguetá e Registro), em fase de homologação de contrato, dando início à Rede Voa, com 16 aeroportos sob sua concessão no Interior de São Paulo durante os próximos 30 anos.

A internacionalização facilitará e diminuirá o custo da chegada e partida de aviões de outros países que vêm para manutenção ou para qualquer outra atividade. Atualmente, quem vem de outro país e precisa se deslocar para Sorocaba, necessita fazer os procedimentos burocráticos em um aeroporto internacional, como Viracopos ou Guarulhos, com aumento nos custos e no tempo dos procedimentos.

Otimismo

O economista e professor Geraldo Almeida acredita que o processo possa ser encerrado antes dos dois anos anunciados pela empresa. O economista afirma ainda que o fato do aeroporto estar sob concessão pode ajudar a acelerar o processo. “Você tem uma celeridade nas decisões, já que pode tomá-las de forma mais rápida. A iniciativa privada consegue resolver os entraves de forma mais rápida. Veja o caso do Catarina”, diz, em referência ao aeroporto Catarina, na cidade de São Roque.

Secretário municipal quando os trabalhos de internacionalização foram iniciados, em 2012, Geraldo de Almeida destaca que a medida vai gerar novos empregos, além de outros benefícios. “Gerará postos de trabalho com mais qualidade. Além disso, tem a questão de atrair novos investimentos e melhorar o entorno do aeroporto. O empresário vai olhar a cidade com outros olhos. Sorocaba precisa olhar a aviação como uma indústria e Sorocaba tem essa vocação”, conclui.

O empresário Fernando Volponi, que tem negócios no aeroporto de Sorocaba, considera que o prazo de dois anos é muito longo e também acredita que o processo de internacionalização deverá ocorrer antes do prometido. “O prazo de dois anos é longo, em vista dos trabalhos que já foram realizados pela prefeitura, Daesp e órgãos de fronteira”, justifica. “A última informação que havíamos recebido é que a atual gestão do Daesp iria entregar ao consórcio Voa o aeroporto já com a designação de aeroporto internacional”, acrescenta. “De qualquer modo, se isso não se concretizar, acredito que a concessionária consiga antes desse prazo de dois anos, o que seria fundamental para a competitividade do aeroporto como principal polo latino-americano de manutenção de aeronaves privadas”, lembra.

O empresário Paulo Oliveira acredita que a internacionalização será importante somente para os voos regionais — países mais próximos. Ele ainda critica a situação de Sorocaba no que se refere à falta de apoio do Governo do Estado, e na infraestrutura do aeroporto, principalmente, no comprimento da pista.

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